O movimento skinhead apareceu no final dos anos 60, na Inglaterra.
Eles surgiram como uma evolução de outro movimento, os mods. Os mods,
abreviação de "modernists", eram uma galera que deu muito o que falar
no início dos anos 60, que curtia lambretas, música negra norte americana
(soul, r&b) e jamaicana (ska), roupas alinhadas (o visual deles era muito
peculiar para a época, e, apesar de imitado, quase nunca é reproduzido com
fidelidade hoje), etc... Os mods brigavam com os Rockers, que curtiam jaquetas
de couro, motocicletas, rock anos 50 e topetes.
Essas brigas sempre davam muito o que falar na imprensa. Com o
tempo, o Mod se dividiu entre o pessoal mais intelectual, refinado,
"cool"; e o pessoal mais das ruas, mais proletário, briguento. Os
mais "artistas", apelidados de "Mods de escola de arte",
acabaram dando origem ao psicodelismo (membros de bandas como The Who e Pink
Floyd eram mods antes de virarem "psicodélicos"). Os mais
"rueiros" (chamados "hard mods"), exageraram o visual
simples do mod original, deixando o cabelo cada vez mais curto e adotando as
botas e suspensórios como uniforme, enfatizando sua condição de classe trabalhadora.
Além disso, o ska, que ia aos poucos se transformando no reggae,
passava a ser a trilha sonora desses "hard mods", frequentadores de
bailes onde rolava música da Jamaica. Em 1968, eles já eram muitos, e estavam
causando muita confusão, brigando em estádios de futebol e nas ruas. A imprensa
apelidou-os de "skinheads" (cabeças raspadas) e eles assumiram o
nome.
O skinhead original não tinha nada a ver com política. O negócio
deles era curtir som (reggae/ska), visual, tretas (no estádio de futebol ou
contra hippies e gangues de motoqueiros), futebol, etc... Não havia racismo
também, pois muitos skins eram negros, e mesmo os brancos ouviam apenas música
negra e frequentavam os mesmos bailes dos jamaicanos. Isso durou até o começo
dos anos 70, quando o movimento quase acabou.
O pessoal ou largou por ter ficado mais velho, ou mudaram de
movimento (novos estilos surgiram a partir do skinhead - como o Suedehead, mais
preocupado com a aparência e os bootboys, hooligans de futebol). Até que em
1977, aproximadamente, impulsionado pela explosão dos movimentos (punk, new
wave, volta do mod e do rockabilly, etc), começaram a aparecer novos skins, e
alguns antigos voltaram à cena. Alguns ainda eram fiéis ao "espírito de
69", enquanto outros eram influenciados pelo punk, misturando elementos
punks ao visual skinhead tradicional.
No final de 77, começo de 78, acontece um racha no punk,
semelhante ao que houve no mod nos anos 60: parte do movimento segue um
direcionamento mais "artístico" (originando o pós-punk, new wave,
gótico, etc), e outros pegam mais o lado agressivo, rueiro e suburbano (o
"Street Punk", mais tarde apelidado de "Oi!"). Essa leva de
punks mais "crus" tem como guia o Sham 69. Jimmy Pursey, vocal do
Sham, era skin no começo dos anos 70, e a banda tinha um grande público
skinhead. Desta forma, começa a se multiplicar uma nova geração de skins,
influenciados pelo punk e ouvinte de punk rock, com um visual menos bem
arrumado do que os skins originais. Os skins "tradicionais" diziam
que estes eram apenas "punks carecas", pois não tinham noção alguma
sobre as tradições do skinhead.
Eis que os skins voltam a ser uma visão comum nas ruas de Londres,
e em shows punks. No final dos anos 70, surge o movimento 2 Tone. O 2 Tone
("2 tons", ou seja, branco e preto, anti-racismo) era o nome dado à
nova geração de bandas de ska (The Madness, The Specials (foto), The Selecter,
etc) e seus seguidores. As bandas 2 Tone eram influenciadas pelo som skinhead
original (Ska e reggae antigo), inclusive tocando covers das favoritas dos
bailes de 69. De qualquer maneira, o 2 Tone levou muitos skins de volta às
origens musicais, visuais e multi-raciais do movimento.
Mas nem tudo eram flores, e enquanto a 2 Tone estava fazendo um
ótimo trabalho combatendo o racismo e o fascismo através do ska, a extrema
direita (em especial o "National Front") começava a se aproximar dos
skinheads mais ignorantes. Enquanto o Sham 69 e outras bandas street punk com
fãs skins (foto) tocavam em festivais chamados "Rock Against Racism"
(rock contra o racismo), organizados por partidos de esquerda, o National Front
cria sua própria organização, o "Rock Against Communism", para apoiar
bandas de extrema direita.
Desta maneira, nasce o "Skinhead Nazista", tão conhecido
pelo mundo todo. No entanto, a maioria dos skins continuava sem um
direcionamento.
Político definido, longe dos fascistas. Sabe-se que nesta mesma
época (1979), havia uma banca de skins em Londres chamada "S.A.N."-
"Skinheads Against Nazis", que queria eliminar a influencia dos
neo-nazistas. Bandas de punk rock com membros skins, como os Angelic Upstarts
(foto), eram assumidamente esquerdistas e se opunham ao National Front com
veemência.
Mas como é de costume, a mídia sensacionalista começa a chamar
todo skinhead de nazista, e o que é pior, todo jovem nazi de
"skinhead". Com isso, a extrema direita só conseguiu novos adeptos e
os skins "White Power" aumentam em tamanho e importância. Mas mesmo
assim estavam longe de ser maioria. Em 1980, o punk estava em baixa, tendo sido
transformado em new wave e vendido em butiques. Mas nos subterrâneos, muitas
bandas de "punk real" estavam na luta.A maioria delas era
influenciada pelo Sham 69 e outras bandas street, e faltava um nome para
uní-las.
Eis que o jornalista Garry Bushell, chama este novo movimento de
"Oi!", por causa da música dos Cockney Rejects "Oi! Oi!
Oi!". O Oi! tinha como ideal ser uma revitalização do punk agressivo,
realista, das ruas, sem a comercialização e a suavização da new wave. Era a
música que segundo Bushell, unia "punks, skins e toda a juventude sem
futuro". Logo organizaram a primeira coletânea Oi!, com os Cockney
Rejects, 4 Skins, Angelic Upstarts, Peter & the test Tube Babies, Exploited
e outras bandas, formadas por punks, skins e "normais".
Foram feitas várias outras coletâneas Oi! a partir daí, e muitas
bandas apareceram. Então, apesar de no Brasil as pessoas pensarem que Oi é
"som de careca", ou que bandas Oi devem ser de direita, isto não
passa de preconceito. O Oi! Nada mais é do que um estilo de punk rock de volta
às raízes, mais ligado à rua, ao realismo social. Nada a ver com a extrema
direita. A maior prova disso é a adesão original de bandas como os U.K. Subs ao
Oi!, E o fato do Business (uma das maiores bandas Oi), tocar um cover do Crass.
Enfim, a grande maioria das bandas ou era de esquerda ou era apolítica. Entre
as bandas Oi originais, não havia nenhuma que fosse nazi.
Os nazis, como já disse, estavam envolvidos com o R.A.C., e se o
som deles era semelhante ao Oi, as idéias certamente não eram. Com o tempo, a
mídia passou a explorar cada vez mais o skinhead, e o Oi!, Que já era a música
oficial da maioria dos skins acabou sendo associado ao fascismo. Com isso, muitas
bandas punks (com medo de terem o filme queimado) se distanciaram, deixando o
termo Oi! Principalmente na mão dos skinheads.
Mas de qualquer maneira é absurdo, como costumam fazer por aqui,
usar a palavra Oi! querendo dizer skin, ou careca (tipo "fulano de tal é
oi!"), e boicotar determinadas bandas apenas por serem Oi. Oi! é um estilo
de música baseado na união e na temática direta e agressiva, não uma ideologia
política. Apesar de haver muitas bandas Oi! nacionalistas e formadas apenas por
skinheads, uma banda pode ser Oi! sendo 100% punk sem ter nada a ver com
nacionalismo, extrema direita ou nada disso, basta acreditar nos ideias
originais da coisa.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Skinhead